segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Gigantesca nau
pessoas refinadas
nada... nada...
podiam imaginar.

Jantares apetitosos
conversas fúteis
nada... nada...
para se aproveitar.

Tripulantes submissos
capitão conivente
nada... nada...
viram de diferente.

Gentes demais
botes de menos
nada... nada...
irá suceder.

Noite calma
Iceberg à espera
nada... nada...
poderiam prever.

Cascos arrebentados
Ferros rompidos
nada... nada mais...
podiam fazer.

Mulheres e crianças embarcadas
privilegiados acomodados
nada... nada...
de salvar desgraçados

Minutos passando
água subindo
nadam... nadam...
sobreviventes agoniados.

Navio partido
objetos espalhados
nada... nada...
vale mais nada.

Gritos de socorro
água gelada
nada... nada...
de uma mão salvadora.

Preces elevadas
pragas rogadas
nada... nada...
tem em comum.

Horas passadas
corpos na superfície
nadam... nadam...
para sempre hipotermizados.

Titan afundado
sonhos naufragados
nadam... nadam...
no abismo do mar.

Destinos interrompidos
cicatrizes na lembrança
nada... nada...
foi por escolha.

Muitos mortos
poucos salvos
nada... quase nada...
vale a vida de um ser.

Nadam... nadam no nada.

Nada... nada mais que nada.

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